O jornal Tribuna da Bahia trouxe uma péssima notícia para os
maragogipanos e para todos aqueles envolvidos no processo de construção do
Estaleiro. Segundo informações do jornal, a crise da Petrobrás ameaça paralisar
o projeto. Leia:
Maior projeto privado da Bahia, com investimentos de R$ 2,6
bilhões, o estaleiro Enseada está praticamente paralisado. Dos 7.200
trabalhadores que operavam na implantação da estrutura até meados do ano
passado, 5.700 foram demitidos.
Segundo o vice-presidente do Sintepav-Sindicato da
Construção Pesada e Montagem da Bahia, Irailson Warneaux, dos 1.500 operários
restantes, 600 foram colocados em férias e os 900 que permanecem na obra “não
têm muito o que fazer desde que foi suspensa a entrega das ligas de aço por
falta de pagamento aos fornecedores dessa que é a principal matéria prima
utilizada na engenharia do equipamento”.
Ele foi taxativo ao afirmar que “o Enseada não tem mais
fôlego financeiro para tocar o empreendimento, sem os recursos devidos pela
Sete Brasil, e a obra deve ser paralisada completamente até o final desse mês”.
O Sintepav, inclusive, há duas semanas, acionou o Tribunal
Regional do Trabalho e teve acatada a decisão do acautelamento de provisão para
pagamento das rescisões trabalhistas dos 1.500 trabalhadores ainda empregados.
A dimensão do problema é mais grave quando se verifica o
quadro social da interrupção da obra. Há centenas de empreendedores no entorno
do estaleiro que investiram na construção ou instalação de hotéis, pousadas,
bares e que estão, conforme o sindicalista, “completamente desesperados. A
crise no estaleiro atinge todo o Recôncavo”. Segundo ele, os milhares de
trabalhadores contratados também “adquiriram bens e não sabem como saldarão os
financiamentos”. Para Warneaux, “o normal seria que chegássemos a dezembro,
prazo estipulado para a conclusão do Enseada com cerca de três mil operários”.
Ele mencionou o dique, ainda por construir e que requer, no mínimo, 1.500
trabalhadores.
Com o advento do “petrolão” (sistema de corrupção através de
propinas instalado na Petrobras) envolvendo a OAS e a Constram-UTC, que tiveram
executivos presos - empresas que junto com Odebrecht e Kawasaki controlam, o
estaleiro Enseada - a construção de plataformas de petróleo e seis navios sonda
para perfuração em campos do Pré-sal foi suspensa.
Crise decorre das exigências impostas pelo BNDES
A grave crise que se abate nos estaleiros de todo o país
decorre da não liberação de financiamentos acordados com o BNDES para a Sete
Brasil que tem a Petrobras, o BTG Pactual, o Itaú BBA e o Banco Bradesco entre
seus sócios e credores e é a principal fornecedora de navios e sondas para a
Petrobras.
A retenção decorre das exigências de garantias do banco
estatal. Desde o final do ano passado, acionistas da Sete e a Petrobras vivem
um impasse em relação a contratos firmados para a utilização dos navios-sonda.
As dificuldades de entendimento têm comprometido a liberação do empréstimo do
BNDES, tido como vital para a continuidade das operações da companhia.
Mesmo após reunião da presidente Dilma Rousseff com os
presidentes do Banco do Brasil e BNDES na sexta-feira (16 de janeiro) da semana
passada, visando destravar os empréstimos de aproximadamente R$ 10 bilhões,
para a Sete Brasil, foi novamente postergada e pela terceira vez, desde 2012. A
Sete Brasil conta com os recursos do BNDES para evitar um calote técnico que
aceleraria os pagamentos de obrigações da companhia, disseram as fontes.
O primeiro dos três empréstimos do BNDES para a Sete Brasil,
previsto para ser liberado em 2013, até hoje não saiu. A Sete tem a Petrobras,
o BTG Pactual, o Itaú BBA e o Banco Bradesco entre seus sócios e credores. Como
consequência, a empresa precisou levantar dinheiro junto a bancos públicos e
privados em financiamentos de curto prazo, mais caros, o que elevou o custo da
operação e aumentou o endividamento da companhia.
Diretor do Enseada reconhece
O diretor de Relações Institucionais e de Sustentabilidade
do Enseada Indústria Naval S.A., Humberto Rangel, se posicionou sobre a grave
crise que se abate sobre o empreendimento através de Nota encaminhada à redação
da Tribuna sob o título “Enseada - Posicionamento sobre desmobilização”, na
qual reconhece o “período de dificuldade enfrentando pela indústria naval
brasileira” e assegura que “permanece acreditando e trabalhando em busca de sua
plena recuperação”.
Segundo Rangel, o “Enseada é um dos mais importantes e
modernos empreendimentos em implantação no Brasil, representando um dos maiores
investimentos privados da Bahia nos últimos 10 anos, com recursos da ordem de
R$ 2,7 bilhões”. Conforme o diretor, “atualmente com mais de 80% das obras
concluídas, o Consórcio Estaleiro Paraguaçu (CEP), um dos principais
fornecedores do Enseada, responsável pela construção do estaleiro, encerrou
dezembro de 2014 com cerca de 2.200 trabalhadores no canteiro da obra, em
Maragogipe. Em paralelo, cerca de 1.000 integrantes, estes contratados pelo
Enseada, já atuavam em sua operação industrial”.
Ele ressalta, ainda, na Nota, que conforme anunciado em
dezembro de 2014, o Enseada orientou que o consórcio construtor efetuasse a
readequação do planejamento da obra com o consequente ajuste do seu efetivo.
Neste cenário, foi informada a desmobilização inicial de 1.000 funcionários,
tendo sido efetuado o desligamento de 470 pessoas em 9 de dezembro de 2014 e de
500 funcionários em 6 de janeiro de 2015".