Foto Ilustrativa |
TONI SCIARRETTA, de São Paulo - 12/01/2015 02h00
Fonte: Folha
Primeiro foram afetadas as empreiteiras que
construíram refinarias para a Petrobras. Depois, a crise da estatal chegou à
Sete Brasil, maior fornecedora de plataformas e de sondas para o pré-sal, que
hoje precisa de US$ 5 bilhões para pagar aos estaleiros.
Agora, são os bancos que terão de fazer provisões
para cobrir possíveis calotes em cascata no setor de óleo e gás. Um estudo do
governo afirma que os bancos privados e públicos teriam emprestado R$ 130
bilhões ao setor. Sem balanço auditado, a Petrobras não consegue captar novos
recursos e começa a ficar sem caixa para pagar fornecedores e dívidas.
A crise tem o potencial para desestabilizar todo o
setor de petróleo e gás brasileiro, além das cadeias petroquímica, de
fertilizantes e de biocombustíveis, que têm a estatal como principal parceira
ou fornecedora de insumos.
Trata-se de um setor que respondia em 2012 (último
dado disponível) por 13% do PIB brasileiro, algo como R$ 560 bilhões; em 2014,
deve ter caído devido ao recuo nos preços do petróleo e dos desdobramentos da
Operação Lava Jato.
A estatal tem uma rede de mais de 20 mil
fornecedores cadastrados, entre fabricantes de máquinas, equipamentos,
embarcações e prestadores de serviços de diferentes portes e com contratos que
vão de menos de um ano (curto prazo) a mais de 12 anos (longo prazo).
A grande maioria –cerca de 18 mil– participa da
cadeia de exploração e de produção de petróleo e gás, especialmente em
alto-mar, águas profundas, ultraprofundas e pré-sal.
São fornecedores de navios, plataformas marítimas,
sondas e componentes que surgiram para atender a exigência de nacionalização
mínima de 60% das embarcações e de equipamentos utilizados na exploração.
Só os investimentos previstos na área de exploração
chegam a R$ 400 bilhões até 2020, segundo a Onip (Organização Nacional da
Indústria do Petróleo).
CONCENTRAÇÃO
Apesar do fim do monopólio do petróleo, quebrado por
emenda constitucional em 1997, a Petrobras segue ainda com uma posição
monopolista no setor, confundindo-se com a própria indústria.
Na exploração, a estatal tem 92% do mercado, sendo
que a maioria das demais empresas ou são suas parceiras em projetos ou
fornecedoras.
O refino, que é a fase em que o petróleo é
transformado em combustíveis e derivados, está todo nas mãos da estatal. A
Petrobras ainda compra etanol e biodiesel de cerca de 80 usineiros e de
produtores rurais para misturar com a gasolina (o combustível tem 25% de
álcool) ou com o diesel (5% é biodiesel). Fora os 5% de álcool que ela mesma
produz.
A distribuição, responsável por levar os
combustíveis a postos e grandes clientes, é a área de maior concorrência. A
Petrobras tem perto de 60% do mercado com as bandeiras Petrobras (antiga BR) e
Ipiranga. Mesmo assim, concorrentes como a Shell compram o combustível refinado
da própria estatal.
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