O deslizar das mãos sobre o barro úmido faz parte da
rotina de Ricardina da Silva, a Dona Cadu, desde quando ela tinha 10 anos de
idade. Hoje, com 94, ela parece nem sentir o avanço do tempo. Disposta e sempre
com muita simpatia, dá vida, diariamente, a panelas, frigideiras e potes, como
num balé feito com os dedos. O distrito de Coqueiros, em Maragojipe, guarda em
sua história a tradição da cerâmica passada há décadas de geração em geração.
Dona Cadu, para a maioria dos moradores, é o símbolo maior dessa cultura.
“Era menina ainda quando vi uma vizinha de meu pai
fazendo cerâmica. Eu olhava e achava bonito. Ela me perguntou se eu queria
aprender e eu aceitei na hora. Assim, do barro, há anos, tenho tirado o
sustento da minha família e consegui educar meus filhos”, revelou a ceramista.
Com seu carisma e sorriso sereno, Dona Cadu teve, ao longo da vida, importantes
conquistas. “Certa vez, representei a Bahia com meu material numa exposição em
Curitiba. Fui pela cerâmica e pelo samba de roda. Senti muito orgulho do que eu
faço e fiquei feliz por ver que gostaram do meu trabalho”, contou Ricardina.
Dona Cadu leva o que sabe adiante e dá aulas de
cerâmica para os moradores da comunidade. Os alunos dela são só elogios para a
professora. Rodrigo Santana é um deles. “Ela tem um conhecimento muito grande,
é dedicada e tem orgulho do que faz. Aprendi muito com ela. A cultura é a nossa
maior riqueza e me sinto orgulhoso, porque estou preparado para multiplicar o
que me foi ensinado”, disse o jovem.
Hoje, em Coqueiros, mais de 50 homens e mulheres
sobrevivem da cerâmica e de outros ensinamentos de Dona Cadu que não têm preço.
Fonte / Foto: Navegando juntos
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