Conhecida por suas manifestações culturais e histórico que
valoriza o Recôncavo Baiano, a cidade de Cachoeira, localizada a 110 km de
Salvador, virou mais um palco para a violência que assola o interior da Bahia.
A reportagem recebeu no início desta semana denúncias sobre a existência de
facções que estão comandando o crime na pequena cidade, com pouco mais de 34
mil habitantes. O site Bocão News procurou o delegado responsável pela cidade,
André Alves, que confirmou a denúncia e fez graves revelações sobre a realidade
dos moradores deste município. "A violência de um modo geral cresceu. Hoje
aqui existe o tráfico de drogas e está fora de controle", afirmou Alves,
ressaltando que Cachoeira nunca foi uma cidade tranquilia. "Eu já via
Cahoeira nas manchetes. O problema da violência aqui é antigo e terrível",
afirmou, estando à frente da DP há dois anos. Segundo o delegado, uma das
facções surgiu na Ladeira da Cadeia e "eles cooptaram menores.
Eram cerca de 15 garotos em média e o grupo ficou conhecido
como Facção Mico e Bola", relatou. De acordo com André Alves, o líder da
facção, Mico, morreu em troca de tiros com a polícia. "Ele era o cabeça e
comandava a facção que começou a traficar e asssaltar transeuntes - todos que
iam comprar alguma coisa e circulavam de uma região para outra, passando
pela cidade. Eles (os chefes) foram revelados e foi feito o pedido de prisão
preventiva. Mas, eles tinham o apoio da comunidade local. Cada dia ficavam em
uma casa diferente. Mas, no dia 30 de abril deste ano estávamos com uma
operação deflagrada na região e tínhamos informação de onde eles poderiam
estar. Fechamos uma rua com mais de dez casas e Mico estava em uma delas. Ele
reagiu e usamos o meio legal para intervenção policial. Daí Mico foi baleado e
veio a óbito", contou.
Entretanto, após a morte de Mico, a facção foi
desestruturada e como revelia começaram a perseguir e expulsar populares que
moravam na região da Ladeira da Cadeia. "11 famílias foram expulsas em
função da morte de Mico como represália", afirmou. Conforme o delegado, a
Polícia Militar, Civil e Petros dão suporte na segurança da cidade, porém, há
déficit na estrutura que a delegacia possui. "O suporte é mínimo. Temos um
Gol que não é viatura e tenho quatro policiais. Recebo o apoio da coordenadoria
e apoio das polícias da região", amenizou. Quando questionado sobre qual
pode ser a solução para controlar o tráfico de drogas na cidade, André Alves
aposta na implantação de uma Base Militar. "Não vejo outra solução porque
quando a polícia sai eles (os ladrões) retornam e conhecem toda a região, o que
dificulta a captura", pontuou.
A proposta da construção de uma base em Cachoeira já foi
levada até o Comando Geral, conforme afirmou o delegado. A reportagem entrou em
contato com a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP) e
solicitou via e-mail, conforme sugerido pelo órgão, informações sobre projetos
voltados para a segurança no município, bem como, possível instalação da unidade.
Até o fechamento desta matéria nenhuma resposta foi enviada. "Nossa
delegacia é 24 horas e os plantões também são com atendimento emergencial de
ocorrências. Hoje, os homicídios estão sob controle", analisou o delegado,
revelando que há uma outra facção "que não está incomodando muito e
comanda a região do Virador".
No site da SSP a reportagem conseguiu ter acesso às
estatísticas da violência em Cachoeira dos quais estavam disponibilizados este
ano os meses de janeiro, fevereiro e março. Neste período foram regitrados três
homicídios - um por mês - sendo que em fevereiro o óbito veio após lesão corporal grave.
Fonte :Bocão News
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