Dona Cadu e as cerâmicas de Coqueiros
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A riqueza cultural do Recôncavo Baiano é de tirar o fôlego.
Desde o descobrimento do Brasil, a região vem florescendo graças à movimentação
de seus habitantes. Indígenas, negros escravizados e portugueses, em suas
andanças por essas terras de paisagem exuberante e rios caudalosos, construíram
vilas e quilombos, edificaram fortes e igrejas, introduziram aqui novas
comidas, artes, festas e celebrações.
Tudo isso gerou um patrimônio cultural tão diversificado
quanto as crenças, os costumes e os rituais de seus habitantes. Patrimônio, que
significa herança, é tudo aquilo que é produzido por um povo e lhe dá
identidade. Parte do que somos é fruto de tudo o que aprendemos com nossos
antepassados. Nosso jeito de cozinhar, de pescar, de dançar, de construir
casas, de rezar, de festejar é considerado patrimônio cultural.
No minucioso levantamento desse patrimônio, que vem sendo
feito por uma equipe contratada pelo Estaleiro, já foram identificadas cerca de
600 referências culturais. “É a primeira vez que o Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) exige, de um grande empreendimento, esse
levantamento, como forma de conseguir sua licença de operação”, argumenta Lucia
Maria Aquino de Queiroz, professora adjunta da Universidade Federal do
Recôncavo da Bahia e coordenadora do projeto “Levantamento Preliminar do
Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) da área de influência do
Estaleiro Enseada do Paraguaçu”.
Para a professora, a importância desse levantamento é dar
visibilidade a essas referências culturais, espalhadas pelos municípios de
Santo Amaro da Purificação, Saubara, Cachoeira, São Félix, Maragogipe, Salinas
da Margarida e Itaparica. “Muitas delas eram conhecidas apenas nos locais onde
são praticadas, como é o caso da Barquinha de Enseada”, diz Lúcia. Ela
argumenta ainda que, ao catalogar expressões, sejam a pesca artesanal, os ritos
de candomblé ou a mariscagem, como cultura, seus praticantes ganham identidade
e reconhecimento como “fazedores” de cultura.
O samba de roda é um patrimônio do Recôncavo Baiano
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O objetivo do mapeamento é pensar em formas de proteger
esses bens culturais, garantindo que sejam preservados ou, no caso das
celebrações, formas de expressões, ofícios e saberes, para que continuem
existindo ou sendo repassados para os mais jovens.
O IPHAN vai se basear nesse levantamento para pensar nas
“salvaguardas” – conjunto de ações com foco na preservação – mais adequadas
para que esses bens sejam protegidos e não se percam com o tempo. “É preciso
garantir, por exemplo, que não faltem os objetos nem as matérias-primas – como
o barro das ceramistas de Coqueiros – que dão sentido a essas referências
culturais”, explica a professora. A Enseada se orgulha de poder contribuir para
que esse trabalho de proteção seja bem executado.
Fonte: Marcelo Gentil
Assessoria de Comunicação
Estaleiro Enseada do Paraguaçu
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