Sob
forte esquema policial, o governador Jaques Wagner decretou a cidade de
Cachoeira, no Recôncavo Baiano, capital da Bahia na manhã desta terça-feira
(25). A cerimônia, que contou com a participação do presidente da Assembleia
Legislativa da Bahia, deputado Marcelo Nilo, do prefeito Carlos Pereira, e do
bispo Dom Roque Cardoso Nonato começou pontualmente às 8h e durou apenas 20
minutos, atraindo poucos moradores da cidade para Praça da Aclamação.
Cerca de 15 viaturas das polícias civil e militar reforçaram a segurança do
governador no entorno da Câmara Municipal de Cachoeira, onde Wagner hasteou a
bandeira do Brasil diante de menos de 30 pessoas da comunidade, número bastante
inferior ao de policiais. A segurança redobrada no local pretendia controlar
uma manifestação de estudantes, organizada através da internet, que tinha a
confirmação online de mais de 2 mil pessoas.
A ideia do grupo, que intitulou o movimento como #VemPraRuaCachoeira, era
aproveitar a presença do governador para apresentar a ele as pautas de
reivindicação de estudantes e moradores da cidade. No entanto, o protesto só
ganhou as ruas de Cachoeira por volta das 10h, quase duas horas após a saída de
Wagner.
Para Dom Roque Cardoso, a possibilidade do protesto durante a cerimônia com o
governador impediu os moradores de irem assistir ao ato na Praça da Aclamação.
“Eu mesmo deixei de trazer 284 crianças do Educandário Paroquial A Jesus por
Maria assim que soube que estavam organizando manifestação pela internet.
Fiquei temeroso e quase também não vim”, contou o bispo.
Já para a universitária Lorena Moraes, moradora de Cachoeira, a luta por
políticas de segurança pública na cidade “merece a mobilização de todos”.
Segundo a estudante da UFRB, “a luta de Cachoeira está dentro de um movimento
nacional, que toma conta das ruas de todo o país, mas também tem pautas locais
importantes”, como a melhoria do sistema de transporte alternativo, responsável
pela ligação entre as cidades do Recôncavo Baiano.
Lorena acompanhou o grupo formado por cerca de 50 pessoas durante a passeata
realizada no centro da cidade, que terminou na Igreja de Nossa Senhora do
Rosário, onde era realizada uma missa comemorativa à Data Magna de Cachoeira
com alguns políticos da cidade. Após a celebração, eles entraram no local em
silêncio e sentaram diante do altar, onde permaneceram por alguns minutos. Na
saída, encontraram o prefeito Carlos Pereira, que aguardava o grupo para
entender o objetivo do protesto.
Após receber um documento com as principais pautas de reivindicação, Carlos
Pereira disse que vai analisar os itens que cabem à prefeitura e encaminhar
para Wagner o que for da responsabilidade do governo. “Acho importante a
participação dos jovens neste movimento e fico muito feliz com a maneira
pacífica como protestaram”, disse o prefeito.
A transferência da sede do governo para a cidade no dia 25 de junho é um ato
simbólico de reconhecimento do papel histórico de Cachoeira nas lutas pela
independência da Bahia. À noite, Gilberto Gil, Saulo Fernandes, Estakazero e
Sine Calmon fazem shows gratuitos em comemoração à data, encerrando também os
festejos juninos da cidade.
Fonte: Correio
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